quinta-feira, 31 de março de 2011
Amor e medo (Casimiro de Abreu) Quando eu te fujo e me desvio cauto A labareda que se enrosca ao tronco Da luz de fogo que te cerca, ó! Bela, Torrara a planta qual queimara o galho Contigo dizes, suspirando amores: E a pobre nunca reviver pudera. “Meu Deus! Que gelo, que frieza aquela!” Chovesse embora paternal orvalho. Como te enganas! Meu amor é chama Que se alimenta no voraz segredo, Ai! Se te visse no calor da sesta, E se te fujo é que te adoro louco... A mão tremente no calor das tuas, És bela - eu moço; tens amor – eu medo!... Amarrotado o teu vestido branco, Soltos cabelos nas espáduas nuas!... Tenho medo de mim, de ti, de tudo, Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes, Ai! Se eu te visse, Madalena pura, Das folhas secas, do chorar das fontes, Sobre o veludo reclinada a meio, Das horas longas a correr velozes. Olhos cerrados na volúpia doce, Os braços frouxos – palpitante o seio!... O véu da noite me atormenta em dores A luz da aurora me enternece os seios, Ai! Se eu te visse em languidez sublime, E ao vento fresco do calor cias tardes, Na face as rosas virginais do pejo, Eu me estremeço de cruéis receios. Trêmula a fala, a protestar baixinho... Vermelha a boca, soluçando um beijo!... É que esse vento que na várzea – ao longe, Do colmo o fumo caprichoso ondeia, Diz: - que seria da pureza d’anjo Soprando um dia tornaria incêndio Das vestes alvas, do candor das asas A chama viva que teu riso ateia! -Tu te queimaras, a pisar descalça, - Criança louca, - sobre o chão de brasas! Ai! Se abrasado crepitasse o cedro, Cedendo ao raio que a tormenta envia. Diz:- que seria da plantinha humilde, Que à sombra dela tão feliz crescia No fogo vivo eu me abrasara inteiro! Ébrio e sedento na fugaz vertigem, Vil, machucara como o meu dedo impuro As nobres flores de grinaldo virgem! Vampiro infame, eu sorveria em beijos Toda a inocência que teu lábio encerra, E tu serias no lascivo abraço Anjo enlodado nos paúis da terra. Depois... Desperta no febril delírio, - Olhos pisados – como um vão lamento, Tu perguntaras: - qu’é da minha c’roa?... Eu te diria:- Desfolhou-a o vento!... Oh! Não me chames de coração de gelo! Bem vês : traí-me no fatal segredo. Se de ti fujo é que te adoro e muito, És bela – eu moço; tens amor, eu – medo... Análise textual Esse poema de Casimiro de Abreu, tem algumas características que predominaram na segunda geração do romantismo brasileiro. Características como o desejo carnal ou erotismo, muito claro a partir da oitava estrofe com um destaque porém na décima segunda estrofe; e claro, o lirismo amoroso que rege o texto por completo. Figuras de linguagem muito características do romantismo como a personificação (uma das mais comuns no romantismo), por exemplo, na quarta estrofe: “a chama viva que teu sorriso ateia”. Cabe também citar que na segunda geração do romantismo brasileiro muitos textos tinham impressos em si o desejo adolescente. Casimiro de Abreu nesse texto é capaz de dissimular o desejo e a posse sexual de uma forma doce e sugestiva. Professor: Pablo-----Português/Literatura Alunos: José Lucas, Bianca Klein, Diana e Dislene. Turma: 2001
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Gente, o texto está extremamente confuso. É preciso ordem e organização textual para que se posso ler e avaliar uma análise. Tomem nota das correções que foram feitas abaixo (se for possível, copiem e comparem com a que vocÊs fizeram). Abraço
ResponderExcluirTEXTO CORRIGIDO
Esse poema de Casimiro de Abreu tem características que o encaixam na segunda geração do Romantismo brasileiro, como o desejo carnal ou erotismo muito claro a partir da oitava estrofe, com um destaque, porém, na décima segunda estrofe; além disso há lirismo amoroso que rege o texto por completo. Há figuras de linguagem muito características do Romantismo, como a personificação (uma das mais comuns nesse Estilo de Época), por exemplo, na quarta estrofe: “a chama viva que teu sorriso ateia”. Cabe também citar que na segunda geração do romantismo brasileiro muitos textos tinham impressos em si o desejo adolescente. Casimiro de Abreu nesse texto é capaz de dissimular o desejo e a posse sexual de uma forma doce e sugestiva.
NOTA: 1,0 (VALE=2,0)